E os mensageiros tornaram a Jacó, dizendo: Fomos a teu irmão Esaú; e também ele vem a encontrar-te, e quatrocentos varões com ele. Então, Jacó temeu muito e angustiou-se; e repartiu em dois bandos o povo que com ele estava, e as ovelhas, e as vacas, e os camelos. Porque dizia: Se Esaú vier a um bando e o ferir, o outro bando escapará. Disse mais Jacó: Deus de meu pai Abraão e Deus de meu pai Isaque, ó Senhor, que me disseste: torna-te à tua terra e à tua parentela, e far-te-ei bem; menor sou eu que todas as beneficências e que toda fidelidade que tiveste com teu servo; porque com cajado passei este jordão e, agora, me tornei em dois bandos. Livra-me, peço-te, da mão de meu irmão, da mão de Esaú, porque o temo, para que porventura não venha e me fira e a mãe com os filhos....
Genesis 32. 6 - 21
A ORIGEM DA HISTÓRIA
A história da disputa de Esaú e Jacó iniciou-se quando ambos estavam ainda sendo gerados em Rebeca. A Bíblia diz que ainda no ventre eles já lutavam entre si. Na verdade, ao nascerem, Jacó estava com sua mão agarrada ao calcanhar de seu irmão gêmeo, Esaú. Por isso, foi-lhe dado o nome de Jacó,que traduzido é suplantador (Gn 25. 24-26).
Mais tarde, Jacó fez jus ao seu nome, pois negociou e adquiriu a benção que seria destinada ao primogênito, Esaú.
Um pouco antes da hora da morte de Isaque, quando este, de tão velho, não conseguia distinguir qual dos dois filhos estava ali para receber a benção, Jacó usou de sutileza e tomou a benção em lugar de seu irmão (Gn 27. 6-29).
De posse da benção da primogenitura, Jacó teve de fugir para a casa de Labão, irmão de sua mãe, que habitava em Harã, pois Esaú jurara matá-lo, assim que o pai morresse, por causa do ato de tirar-lhe a benção (Gn 27. 41-45).
Muitos anos se passaram. Jacó passou a viver em Padã Harã, onde casou-se e teve muitos filhos. Em determinado momento, contudo, Deus mandou que retornasse à terra de seus pais. Obedecendo ao Senhor, ele iniciou a caminhada de volta a Canaã, onde certamente encontrara seu irmão.
O RETORNO A CANAÃ
Sabendo o tipo de irmão que tinha, enviou mensageiros para dar a seu mano as notícias de sua vinda e para saber qual seria sua reação. Quando os mensageiros disseram que Esaú vinha ao encontro dele com 400 homens, Jacó temeu que seu irmão o matasse e dizimasse sua família e bens.
A primeira atitude de Jacó foi sábia: ele clamou ao Senhor, pedindo-Lhe que o livrasse da mão de seu irmão. Esta é uma boa atitude que deve ser tomada por quem estiver em apuros.Mesmo tendo sido o Senhor que o mandara voltar para a sua terra, ele precisava clamar a Deus. Esta lição vale para quem, mesmo estando obedecendo ao Senhor, estiver enfrentando problemas. Ele já tivera alguns encontros com Deus, mas lhe faltava algo: ele sentia que precisava de uma direção sobre o que fazer.
Quando orava a Deus, veio ao seu coração o desejo de enviar a Esaú alguns presentes. Toda vez que, com sinceridade, orarmos pedindo orientação ao nosso Deus, Ele nos instruirá quanto ao que fazer. Jacó soube ouvir o que o Senhor Deus falara ao seu coração.
Há quem diga que, até aquele momento Jacó ainda não tivera um encontro profundo com o Senhor, de maneira que não confiava plenamente nEle. Discordo disso completamente, e creio que, por confiar no Senhor, ele orou. É certo que um encontro com Deus, como o que hoje podemos ter, ele ainda não tivera e nem nunca teve. Era-lhe simplesmente impossível, pois ele viveu antes do Calvário. Mas Abraão também não teve tal encontro, apesar de ter sido chamado pai dos que crêem. Também nenhum dos profetas do antigo testamento teve a felicidade de ter tal experiência com o Senhor, a qual, hoje, está disponível a qualquer pessoa que ouvir o Evangelho. Dizer que Jacó resolveu agir por si mesmo, enviando presentes materiais a Esaú na tentativa de aplacar-lhe a ira é demonstrar completa ignorância a respeito de como o Espírito do Senhor orienta aqueles que O procuram.
A situação era séria. A Palavra de Deus diz que uma das coisas mais difíceis de se conseguir é aplacar a ira de um irmão ofendido.
O irmão ofendido é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte; e as contendas são como ferrolhos de um palácio.
Provérbios 18.19
O Senhor orientou Jacó a enviar vários mensageiros com muitos presente. Isso é uma grande lição para nós. Em qualquer situação adversa, na qual alguém deseja a nossa destruição, devemos enviar "mensageiros" com muitos presentes. No caso de Jacó, como tudo ainda era simbolicamente representado no plano material, os presentes também deveriam ser materiais.
As intenções de Jacó não eram de corrupção. Não fora ele que arquitetara esse plano para aplacar a ira do irmão; ele só obedecia ao impulso santo que viera ao seu coração após clamar ao Senhor pedindo ajuda.
Dizer, como alguns tem afirmado, que Jacó não confiava no Senhor, é puro engano. Ele cria realmente que Deus estava à frente daquele negócio, que o estava protegendo,agindo em seu favor. Ele sabia que o Senhor Deus não iria mandá-lo sair da terra, na qual adquirira várias possessões com a benção dEle, para morrer totalmente sem que se cumprisse Suas promessas. Ele sabia também que não bastava só a primeira ordem do Senhor Deus; era necessário que Ele lhe desse novas direçoes.
Em qualquer situação embaraçosa pela qual estiver passando, a pessoa, que é de Deus e que quer vencer, deve buscar a direção do Senhor. Mesmo que já tenhamos recebido o sinal verde para qualquer empreendimento, nos é necessário, a cada provação, ou situação desfavorável, voltar a Ele para mais orientação.
Às vezes, nas Suas orientações, Ele nos manda fazer algumas coisas que parecem estranhas ao nosso pensar. O profeta Isaías disse ao rei Ezequias que colocasse a sua casa em ordem por que morreria. Contudo, depois ele recebeu de Deus novas e boas notícias, dando conta conta de que o rei seria curado e ao terceiro dia subiria à Casa do Senhor, e ainda teria mais, quinze anos de vida. Junto com essa revelação, ele também recebeu orientação para fazer um emplasto de folhas de figo e colocá-lo sobre a úlcera.
E dissera Isaías: Tomem uma pasta de figos, e a ponham como emplasto sobre a chaga; esaraá.
Isaías 38.21
Alguém pode indagar: "Mas Deus não podia curar só pela Palavra dEle?".
Nunca é bom ser precipitado. As orientações do Senhor são para serem aceitas. Ainda hoje Ele tem orientações para dar àqueles que buscam Sua ajuda.
Deus, como Pai amoroso que é, conhece nossas fraquezas e limitações. O Senhor sabia que, dada às limitações de Jacó quanto a sua fé, ele precisaria enviar os tais presentes. O homem, enquanto estiver aqui na Terra, jamais será completo. Por mais perto que steja de Deus, sempre terá alguma deficiência. Só Ele pode nos ajudar. É boa política nunca questioná-Lo; é boa atitude sempre obedecer aos Seus estímulos no nosso coração.
JACÓ LUTA COM O ANJO
Gênesis 32. 22-32 nos traz o relato da luta entre Jacó e um varão (anjo) que se aproxima dele no meio da noite com uma espada em punho. Quando Jacó estava só, às margens do riacho Jaboque, aquele varão, que na concepção de muita gente era o próprio Senhor Jesus antes da encarnação, veio ter com ele (Os 12. 1-5). Eles travaram uma luta; nela, Jacó foi ferido no nervo da coxa, ficando manco e marcado por Deus para sempre. Ao término da luta, seu nome foi mudado para Israel, que significa aquele que lutara com Deus, e o Senhor o abençoou
Jacó saiu fortalecido daquele pleito. Lutar com Deus sempre ajuda. Quem persevera orando vence situações em que, aparentemente não há a mínima chance de se obter vitória. Jacó sabia que, se lutara com Deus e o Senhor o conservara com vida, seria capaz de encarar seu irmão. Dali para frente, estava pronto para enfrentar o mundo todo de uma só vez, se preciso fosse. Tinha plena certeza de que Deus estaria com ele ao se encontrar com Esaú, pois Ele o abençoara.
O REENCONTRO COM ESAÚ
Preparado por Deus para o reencontro com o irmão, Jacó levantou os seus olhos e o viu aproximar-se. Ele não voltou a orar, nem caiu em desespero. Era preciso enfrentar o problema com a direção que o Senhor lhe dera.
Jacó teve uma atitude sábia diante do irmão; inclinou-se em terra em sinal de humilhação. Naquele momento, poderia ser considerado fraco pela sua família; poderia ter sido brutalmente morto por Esaú, visto que, além de estar curvado, possuía um defeito na perna que não o deixaria correr ou ser um bom lutador. Por ser manco, estaria em desvantagem se fosse medir forças com seu irmão.
Mas Jacó sequer preocupou-se com isso. Ele tinha a bençaõ e a direção do Senhor sobre o que fazer naquela situação. Se agisse segundo a Palavra do Senhor, ele não seria desamparado. Após aquela batalha com o Anjo do Senhor, sentia-se fortalecido por Ele, era como se fosse um novo homem.
Jacó aprendera com Deus a utilidade de enviar presente. Ele sabia que quando Deus nos pede que façamos alguma coisa, por mais insignifivante que seja, devemos atender. Se ele não tivesse obedecido ao Senhor, Este não poderia lhe ter dado o livramento. Fora o Senhor quem lhe mandara sair de onde estava e trazer toda a sua família para Canaã. Ao ordena-lhe a partida para a terra que Ele lhe apontara, Deus tinha o compromisso de protegê-lo e guardá-lo. Se ele, porém, tivesse deixado de lado a simples orientação do Senhor no sentido de enviar alguns presentes para o seu mano, provavelmente, a história teria sido outra. O mesmo ocorre com qualquer pessoa. Não basta ter ouvido a voz do Senhor e se ter embrenhado no mundo a obedecer-Lhe. É preciso continuar obedecendo.
Se traçarmos um paralelo com nossa vida, podemos concluir que, se Deus não estiver na direção total, se não entregarmos reaalmente todas as coisas no Seu altar, seremos completamente derrotados por Satanás.
Por fim, para a surpresa de todos, vemos que Esaú não partiu com violência contra Jacó. Ao contrárrio, correu-lhe ao encontro, arremessou-se-lhe em um grande abraço e o beijou. Os dois choraram juntos, perdoaram-se. Deus retirou do coração de Esaú todo rancor e mágoa, de modo que, certamente, nem ele sabia explicar como isso ocorrera.
O presente realmente funcionou.
Sempre funciona!
Querido leitor, em qualquer situação que estiver, envie presentes. Não quero dizer com isso que você deva subornar. Não são os presentes da corrupção e da falsidade que mudarão a mente e o coração de alguém. Esses presentes não vêm de Deus. Agora, o presente que a Palavra de Deus nos instrui a mandar é aquele que resolverá a situação, como veremos mais adiante.
PRÓXIMO POST: O Presente de Saul.
Em Cristo,
***Lucy***
No comments:
Post a Comment