Cuidado, tudo o que está acontecendo com você, pode ser a mão de Deus pesando !
Para o povo religioso, de um modo geral, Deus é um rei vingativo que está à espreita de algum erro de seus súditos para castigá-los cruelmente. Tal pensamento certamente se baseia em algumas passagens do Antigo Testamento, onde Deus aparece para o povo de Israel como "O Senhor dos Exércitos, O Vingador de Israel, O Poderoso nas Batalhas" ou outros títulos que O colocam numa eterna posição de guerreiro armado e pronto para entrar em ação contra o inimigo. Aliás, mesmo no Antigo Testamento, as mãos de Deus pesavam contra o inimigo. Contra Seu povo, só pesava quando de contínuo ele se rebelava e não cedia aos apelos de arrependimento.
" Também foi contra eles a mão do Senhor, para os destruirdo meio do arraial até os haver consumido."
Deuteronômio 2. 15
No Novo Testamento, encontramos também a mão de Deus pesando sobre Elimas, uma espécie de feiticeiro que procurava dissuadir o procônsul Sérgio Paulo de crer no que Paulo e Barnabé lhe pregavam:
"Pois agora eis aí está sobre ti a mão do Senhor, e ficarás cego, não vendo o sol por algum tempo. No mesmo instante caiu sobre ele névoa e escuridade e, andando à roda procurava quem o guiasse pela mão."
Atos 13 .11
As poucas passagens bíblicas onde Deus "pesa a mão", entretanto, não são suficientes para O caracterizarmos como um Deus vingativo, iracundo e pronto a castigar Seus filhos. Pelo contrário, a abundância das referências, principalmente no Novo Testamento, em relação à paternidade de Deus, ao Seu amor, à Sua graça, à Sua misericórdia e ao Seu perdão mostra com grande evidência a oposição a esse pensamento tão distorcido da realidade que Ele significa para nós.
Um dos grandes temas de ensino de Jesus é a paternidade de Deus. A parábola do filho pródigo é o centro desse ensino. Nessa parábola, o filho exige seus direitos, abandona a casa e o pai, lança-se no mundo dos vícios e da prostituição, gasta tudo o que recebeu e acaba na miséria, faminto e apascentando porcos.
Nessa situação, lembra-se que poderia ao menos ser um empregado do pai. Arrepende-se do que fez, volta e é recebido de braços abertos e com toda honra pelo pai que o reconduz à sua situação primitiva com uma grande festa.
O pai é Deus, o filho é o homem, que pelo pecado e pela má administração de sua vida se distanciou e vive dissolutamente. O estado de miséria no qual o filho caiu após se rebelar contra o pai não lhe foi imputado por este, que o entendeu como conseqüência de seu ato desastroso.
O homem paga por aquilo que faz. Semeia o que planta.
Não se deve culpar a Deus pelas conseqüências funestas de atos mal pensados ou de uma vida dissoluta e desgraçada. O peso não é da mão de Deus, como muitos interpretam, mas do próprio fardo construído pelas mãos iníquas.
Todos os homens estão sujeitos às conseqüências do pecado nesta vida. Morte, velhice e doenças são suas conseqüências mais diretas. Alguns admitem que Deus castiga seus filhos com enfermidades ou problemas, citando Hebreus 12. 6-8:
"O Senhor corrige o que ama". É certo que o Senhor corrige, mas a Bíblia não diz que é com doenças ou com desgraças.
Corrigir neste versículo significa: "Disciplinar, instruir, treinar, ensinar, educar", como o pai ensina seu filho e o professor seu aluno.
Isaías, o profeta messiânico, diz que "a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar" (59,1). Isaías não disse que a mão do Senhor não estava encolhida para que não pudese "pesar".
Lucas, em Atos 11. 21, afirma que "a mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor". Estes, sim, mostram a verdadeira eficácia da "mão de Deus", em Sua preocupação em salvar e abençoar Seus filhos.
Interessante também é o fato de que muitos que cantam o hino "Segura na Mão de Deus" são os mesmos que afirmam que a mão de Deus pesa, castiga, etc. Como convergir estes dois extremos?
A "mão de Deus", na realidade, é o próprio Deus, e Ele, como Pai amoroso e compassivo, certamente não vive vigiando Seus filhos como se fosse um agente secreto pronto para apanhá-los em flagrante, com o propósito de puní-los por seus erros. Não devemos ver as mãos de Deus sobre nossos problemas, a não ser para resolvê-los ou nos dar as soluções.
Em Cristo,
***Lucy***
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